Neste final de semana que passou houve um show que foi bastante comentado em todas as regiões e zonas do Rio de Janeiro. Na verdade foram dois dias de shows do grupo de pagode Exalta Samba, o grupo do momento.
O evento, chamado Exalta Maníacos, aconteceu na Marina da Glória e contou com algumas participações. Pela cidade o que mais eu ouvia falar era disso. Aliás, nas redes sociais bastantes pessoas comentavam sobre a expectativa do grande show, cujo público foi, a meu parecer, bem eclético. Por outro lado, havia pessoas insatisfeitas com o tal show e não economizaram nas criticas em referencia àquele evento.
Bem, todos que me conhecem sabem do meu gosto musical. Eu gosto de SAMBA. Eu sou do samba. Mas não repudio as preferencias musicais ou festivas das outras pessoas. Aliás, eu repudio sim qualquer forma de manifestação etnocêntrica. Deixa cada um curtir o que gosta. Se no nome do grupo leva SAMBA e o mesmo toca PAGODE o problema é dele. Isso não interfere em nada. Não vai mudar a minha rotina e nem as agendas de SAMBA pelo Rio. Temos a sorte e o prazer de morar em uma cidade enorme, com várias atrações de entretenimento acontecendo ao mesmo tempo. E o mesmo nome e repertório do grupo não vai influir em nossa raiz.
Tá certo afirmar que o verdadeiro samba é tocado nas rodas democráticas da cidade. Por um público diferente, mais humilde, mais cultural e que gosta de viver o samba independente, o samba desapegado da Industria Cultural, o samba tocado por bambas e de muitas histórias. Há espaço para todos. Ainda podemos escolher e exercer o nosso direito de ir e vir.
Até mesmo o Zeca Pagodinho teve que se entregar aos apelos da mídia para poder alimentar os bolsos dos magnatas da música ao insistir (naquela época) em tocar o cansativo “Deixe a Vida Me Levar”. Parecia que nas entrelinhas ele estava de saco cheio e versava o refrão dizendo: “Ahh, que se dane! Vou fazer o meu show hoje, com essa galera pagando uma fortuna para me ver... amanhã estarei em Xerém, na roda de samba tocando o que eu gosto. Então, deixe a vida me levar...”
O próprio Péricles Aparecido Fonseca de Faria, o Péricles do Exalta Samba, parece entender isso. Quando ele fez as (inúmeras) participações em CDs e shows de SAMBA (de verdade, de raiz) – como no CASA DE SAMBA– era perceptível em seus olhos a alegria e o prazer de tocar o que ele gosta. Percebe-se, em sua atitude no palco, a alegria ao cantar os clássicos como “Tudo, menos amor” de Martinho da Vila (ver vídeo). Poucos sabem, mas sou musico percussionista (registrado na OMB - Ordem dos Musicos do Brasil) e já toquei durante 6 anos em grupo de pagode baiano (pois é... :/) e a minha raiz nunca deixou de ser SAMBA.
O etnocentrismo exagerado não leva a nada. Claro, há de haver crítica em todos os segmentos culturais, mas dizer que este ou aquele estilo musical é melhor ou pior não vem ao caso. Portanto, deixe “Cada um no Seu cada um” (Zeca Pagodinho). Deixe cada um na sua onda, cada um na sua prancha. O SAMBA não vai acabar por conta de toda essa “exaltação” ao pagode!!
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