01 junho 2010

Vou-me já andando

Eu tenho pressa. Tudo eu faço com pressa. Escrevo com pressa. Escovo os dentes com pressa. Café, almoço e jantar, tudo com pressa. Fast food é pressa. A linha amarela é pressa. Posso voltar do centro do Rio para Jacarepaguá pela orla da Zona Sul, curtindo um lindo visual, mas... tenho pressa. Uso a escada não pensando na saúde, mas na pressa. Avião, trem bala, controle remoto, sapado sem cadarço, camisa ¾, macarrão miojo.

Até quando eu chego em casa, já no aconchego do meu lar, onde posso ter todo o tempo do mundo para fazer o que eu quiser, sinto necessidade de me livrar o mais rápido possível da minha roupa para relaxar.

Isso não é perfeito! To errado. Seria justificável se essa pressa fosse em tirar a roupa para relaxar e gozar... aí sim seria legal.

Aliás, depende. A pressa não é o caso de rapidez. No sexo, por exemplo, quando a atração é intensa, a pressa de entrar em contato com o corpo dela não significa que o ato em si tem que ser rápido. Você tem pressa em ficar com ela a sós. Pede a conta mais cedo, deixa o vinho pela metade, anda com o carro mais rápido, corta caminho, estaciona em qualquer lugar e quando fica a sós... preliminar... preliminar... preliminar. Aí demora. Sem pressa, sem afobação, se não a pressa vira inimiga da perfeição!

Não posso me alongar. Estou com pressa.

Vou-me já andando, pois a pressa em mim abunda.

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